09 fevereiro, 2009

At Home Dad

Andei sumida pois como eu disse anteriormente, estou traduzindo o Trick 2, e isso dá muito trabalho! Por isso faz tempo que não posto nada. Já terminei de ver tudo o que tem de Trick... depois vou fazer um post só pra isso ^^
Mas agora quero falar de um dorama que eu terminei de ver ontem. Por conta da minha febre de Abe Hiroshi, baixei o At Home Dad e gostei muito! Esse dorama é do mesmo autor do
Kekkon Dekinai Otoko e o diretor, produtor, músicos tb, logo dá pra notar a semelhança de estilo. Ele fala sobre uma situação que está se tornando cada vez mais comum no mundo, que é a do homem se tornar "dono-de-casa" e a mulher se tornar provedora. Esse tipo de história de troca de posição pode ser comum em filmes e seriados ocidentais, mas em doramas, não é tão costumeiro uma crítica social. Mas se bem At Home Dad se parece muito com os seriados americanos. O cenário mesmo parece que quiseram fazer uma versão japonesa (e invertida) de Desperated Housewives, com aquelas casas típicas americanas e um estilo de vida totalmente ocidental. Até parece que fizeram pensando na exportação.
Ou será que eles queriam insinuar que essa virada do avesso que a família japonesa anda sofrendo é por conta da invasão ocidental? Nhá, acho que só queriam colocar casinhas bonitinhas mesmo XD
 
Casas nada japonesas! O__O
 
Kazuyuki Yamamura é diretor de comerciais, ganha muito bem e é muito orgulhoso de seu trabalho. Como a maioria dos homens (e muitas mulheres também, infelizmente), ele tem idéias muito machistas e xucras. É bem do tipo que não lava um copo e sempre insinua que mulher passa o dia todo de pernas pro ar enquanto ele sua pra ganhar dinheiro.
Ele com a esposa e a filhinha fofíssima de 5 aninhos, se mudam para a casa que acabaram de comprar e por conta disso, não tem mais nenhum dinheiro na poupança... e ele nunca imaginaria que seria mandado embora. Oportunamente, quando ele é despedido, a esposa recebe uma oferta muito boa de emprego, ela imediatamente se anima, pois não trabalha mais desde que a filha nasceu e já a tempos queria ter voltado. Como o Kazuyuki encontra dificuldade para conseguir outro emprego por causa de sua personalidade problemática, ele aceita que a esposa trabalhe até que ele consiga outro emprego, enquanto isso ele cuidará da casa.
Por sorte ele pode contar com a ajuda do seu novo vizinho, Yusuke Sugio, que já é dono-de-casa faz vários anos, cuida do filhinho e da casa enquanto a esposa trabalha na empresa que ela mesma criou. No começo o Kazuyuki sente profundo desprezo pelo Yusuke, não se conforma com um homem tão sem orgulho... mas, é claro, vai mudando seu modo de pensar, quando vê que as coisas em casa nunca foram como ele imaginava.

Picorruchos fofinhos! Se criança fosse igual eles de verdade
até eu ia querer ter filho! XD
E a geração deles? Será que vai ser diferente?

Daí começa aquela brincadeira típica de inversão de papéis, mas que é bem real. Ele não sabe nem onde estão os garfos na própria casa... não sabe usar a máquina de lavar, nem arrumar o cabelo da filha, nem fazer compras no supermercado. E no começo mal consegue dar conta do trabalho, que antes ele achava que era tão simples. Ele começa a gostar de participar da vida da filha e vê como é absurda a idéia de que os homens não servem para criar os filhos. A esposa também vê o outro lado da história, como é chegar cansada do trabalho e não ter pique para brincar com a filha ou dar atenção ao marido, como é perder coisas importantes na vida da filha. Uma situação que achei muito engraçada é quando ela chega em casa e o Kazuyuki está todo desarrumado e de avental e não acha ele nem um pouco atraente, assim como tb não acha atraente o papo de dono-de-casa que ele tem agora. Bem o que costuma acontecer na situação inversa, que é o homem querer chegar do serviço e encontar a mulher arrumadinha pra ele...

Men at work XD 

At Home Dad é incrivelmente fofo e simpático, pois mostra que a família é uma união e que não tem chefe nem subordinado. Tanto pai quanto mãe são importantes pros filhos, e que essa história de que é a mulher que tem que criar, não cola mais (inclusive o Yusuke chora quando descobre que a mulher está grávida, ele chora não de alegria, pois ele lembra que é ele quem vai ter que criar). Quando os Yamamura começam a trabalhar em equipe, quando o Kazuyuki começa a ver a mulher como igual, a família começa a andar muito bem, apesar dele ainda ter muitas idéias típicas, as coisas mudam. Esse dorama sugere que na sociedade atual, não tem mais essa de homem e mulher separados, ambos são capazes de fazer o que a vida exige, e que ambos saem perdendo com o modelo patriarcal. Mas por outro lado, reafirma a dinâmica atual que é a de um trabalhando e outro em casa em tempo integral, ou seja, sempre um vai abdicar dos sonhos. Todo mundo sabe que isso não é necessário, eu achava que poderia ser mais interessante se mostrassem isso tb.
Família Sugio: ela manda, ele obedece. Inversão que no
fim, não significa mudança nenhuma.

Em At Home Dad, por um lado, o trabalho doméstico é hipervalorizado, é mostrado como é lindo e gratificante cuidar da família, blábláblá... É realmente muito lindo e tocante ver o Kazuyuki se esforçando pra cuidar da casa, da família e tudo mais, mas a realidade é que vivemos num mundo capitalista e o que importa é o dinheiro. Um "trabalho" cuja remuneração é só a alegria e gratidão nunca vai ter a mesma importância de uma profissão no mundo lá fora.
É tão lindo ver ele cuidando da filha doente e passando a noite em claro, mas como depois ele mesmo diz à mulher, isso é o que as mães estão cansadas de fazer! Para a mulher, o MÍNIMO que se espera dela como dona-de-casa, é tudo limpinho, arrumadinho e filhos bem cuidados... ou seja, ao se esforçar como o Kazuyuki fez, ninguém vai dar crédito, pois teoricamente, não passa de sua obrigação, de seu papel social. Quando é um homem que faz as mesmas coisas, ele se sente recompensado pela vitória e recebe muitos elogios, pois está fazendo algo que não é de "sua área"... talvez por isso que a função pareceu tão mais "nobre" quando desempenhada por ele. Mas no fim, ele mesmo admite depois de ter passado por uma entrevista de emprego, que se sentiu muito bem e que teve a sensação de que tudo o que ele tinha feito em casa já não valia nada. E isso porque era tudo novidade, imagina se não fosse! Então aí é mostrado o outro lado da moeda. Por mais nobre que possa ser, por mais romântico que pareça viver para cuidar dos outros, não adianta querer se enganar: quem fica em casa acaba saindo perdendo. Seja pela dependência financeira, seja pela falta de realização, seja pelo isolamento, seja pela falta de tempo de pensar em si próprio ou seja pela solidão. Isso mesmo, solidão. É tão bonitinho, quando o Yusuke resolve fazer um blog pois se sente solitário... me dói o peito quando eu penso como a maioria das donas-de-casa são solitárias, a minha mãe mesmo é. Passou a vida toda cuidando da família e quando fica mais velha e os filhos crescem, não tem amigos e nenhum tipo de atividade no mundo.
E a crítica tb vem na figura das outras donas-de-casa da vizinhança. Todas as vizinhas donas-de-casa típicas, que participavam das reuniões de culinária que o Yusuke e o Kazuyuki eram obrigados a participar, todas elas eram incrivelmente infantis, perto dos homens ficavam parecendo adolescentes barulhentas. Todas eram pouco ou nada cultas, fofoqueiras e aparentemente não tinham muito o que fazer. Isso ficou muito tendencioso pro meu gosto, pois todas eram assim e pareciam imbecis perto da inteligência e perspicácia dos queridos donos-de-casa.

Eles no meio das donas-de-casa: todas sonsas, infantis e
irritantes. Muito tendencioso pro meu gosto.
 

O último episódio foi abaixo das minhas expectativas, achei chato aquilo do Kazuyuki ficar querendo se exibir pros amigos dizendo que era ele quem mandava na hora de decidir se iam mudar ou ficar, sendo que ele mesmo não pensava assim... simplesmente não tinha a coragem de se diferenciar. Mas até aí tudo bem, pois um cara machista típico, dificilmente mudaria tanto do dia pra noite. Mas o que me irritou mais foi a mulher dele aceitar tão fácil sair do emprego e se mudar... ela estava tão decidida e de repente aceita de novo a idéia de que o trabalho dele era mais importante que o dela e que como esposa devia segui-lo... logicamente no final tudo fica bem, mas como dita as regras, a última palavra foi a dele. Isso deixou um gostinho amargo pra mim, como se depois de tanta mudança aparente, no fim, quase nada mudou. Mas acredito que estou sendo muito exigente, já que os protagonistas são adultos com mais 30 anos que foram criados e viveram até aquele ponto com aquelas velhas idéias e valores. Querer uma mudança tão incrivelmente radical, em tão pouco tempo (alguns meses) é querer demais, e inclusive seria muito pouco provavel. E como a própria mulher do Kazuyuki diz, ele mudou muito e já o fato dele ter perguntando a todos da família (inclusive a filhinha) se aceitava a mudança, já era um grande passo.
Enfim, as mudanças estão ocorrendo, com cada família de uma maneira. Nesse dorama nós temos 3 exemplos de família diferenciada. A dos Yamamura, que nunca tiveram um pensamento diferente sobre a dinâmica familiar, mas depois que ocorreu por obra do destino, passaram a viver em cumplicidade e buscando uma igualdade entre marido e esposa. Temos os Sugio, onde ocorreu no geral, só uma inversão de papéis mesmo. A mulher é a chefe e o marido é subordinado... ela trata ele como os maridos geralmente tratam as mulheres. E temos por último o casal que nem chegamos a ver como vai se sair, que é a professora e o cara da natação (esqueci o nome dele hehehe), eles noivam e já fica tratado então, desde o início, que ambos vão continuar trabalhando e que vão dividir de forma igual os afazeres domésticos. Gostaria que tivesse alguma continuação que mostrasse como eles se saíam. Mas, mais interessante é imaginar o que vai ser da próxima geração, que seria a filha dos Yamamura e do filho dos Sugio! Como será que vai ser essa geração? Ia ser legal se falassem sobre algo assim. ^__^

Por fim o casal que já quis começar de outra maneira.
Vão se casar já tendo em mente que vão ter
papéis iguais dentro da família. Se vai dar certo?
Quem vai saber... =P
 

Na verdade teve um At Home Dad Especial, mas ninguém se propôs a traduzir, depois vi um comentário de que esse especial era um retrocesso... acho que não deve ter sido muito bom mesmo, levando em conta que já faz tantos anos (o especial é de 2004!) e que os fansubbers não mostraram interesse para tradução. Provavelmente deve ser como o Especial da Anego, que não acrescenta nada e parece que deu vários passos pra trás, inclusive.
Uma pena que nenhum fansuber brasileiro tenha traduzido At Home Dad pro pessoal que não sabe inglês. Eu traduziria com o maior prazer, mas preciso dos raws, e no D-Addicts não tem nenhum seed! Esse é um dorama muito legal, muuuuuuuito fofo e vale a pena, se eu conseguir os raws é provavel que eu traduza!

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